Dois anos de estrada… O post da virada!

Com a chegada de 2017, o NuncaseSabe completa dois anos de existência. Uma boa oportunidade para refletir sobre a publicação de quase quarenta posts, visualizados e lidos por brasileiros e estrangeiros em cinquenta e seis países do mundo. Pela número de visualizações os cinco países que mais acessaram o blog nesses dois anos foram: Brasil, Portugal, Estados Unidos, Inglaterra e Itália.

A experiência de escrever um post é simplesmente extraordinária. Pelo menos tem sido assim comigo. Não é difícil escrever um post mas, nem sempre se saberá como ele vai se desenvolver e menos ainda como ficará após concluído. O escrever parece ser meio assim como viver: a vida e as palavras, com suas belezas ou a ausência delas, os fatos, os acontecimentos, as ações e reações, as surpresas e eventos completamente fora do seu controle. Entretanto, podem impactar a sua vida produzindo alterações, desvios, nuances, mudanças de rumo e de atitudes, escolhas, imposições, aceitações e recusas, moldando para sempre a nossa existência.

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Syilvie Guillem

Portanto, posso afirmar quase com segurança que escrever se assemelha, de uma certa forma, a viver. As letras e as palavras parecem ter seus próprios caminhos. Como se fosse uma imitação da vida real. Elas vão lenta mas, inexoravelmente se insinuando e tomando literalmente a direção de sua escrita. Carregam seus pensamentos e parágrafos para lugares impensados e ponto final. Ou seja, você não é mais dono de nada. Aliás nunca foi. Parece mesmo um paradoxo: embora o texto tenha sido criado por você, não lhe pertence! E por fim você ainda pode acabar se tornando passageiro de sua própria escrita, quando pensava que era o condutor… Sacou?  Coisas do escrever… ia dizendo coisas da vida… Não é?

Me lembro de ter avisado aos navegantes na Apresentação de dois anos atrás que queria compartilhar descobertas de coisas, lugares e pessoas. Que tinha tempo e que queria celebrar a vida mas que não ia fazer uma viagem em torno do meu umbigo. Sorte de vocês! Essas promessas continuam válidas e permanecem dois anos depois. Nesse tempo, posso dizer que escrever dá trabalho, pois as palavras requerem um certo cuidado no seu manuseio e – como se rebeldes fossem – não aceitam sairem feias na foto. Ninguém aceita!

Escrever então fica às vezes parecido com o exercício de falar a mesma coisa repetidamente, até que os erros sejam consertados; as palavras, as frases sejam devidamente polidas e fiquem claramente formuladas e expressadas para que seu sentido possa ser entendido e compreendido com facilidade. Não é assim caro Proust?

Você até descobre ou pensa que tem um determinado estilo de escrever, como se isso fosse parte de uma certa elegância. Uma espécie de clube que alguns frequentam… Reconheço então que nesses posts publicados tentei encontrar uma maneira de escrever, com humor mas, tendo o cuidado e respeitando às idéias e pensamentos dos outros. Nesses dois anos foram publicadas algumas entrevistas: Jean-Marie Dubrul, os amigos de João Ubaldo Ribeiro, Nilton Souza, Aleixo Belov. As entrevistas eram longas e foram divididas em partes o que dificultou um pouco a leitura mas por se tratar de Pessoas singulares e extraordinárias, para mim, naquilo que são e fazem, achei que valeu a pena.

nuncasesabepordosolEstou aprendendo também que escrever na época da internet e das redes sociais requer um certo pragmatismo e velocidade pois o pressuposto é que o produto da escrita “envelhece” imediatamente após ser publicado. Não é assim mestre Peter de Albuquerque? Isso requer uma postura para se adaptar a esses meios de comunicação onde as prioridades são rapidez e certa leveza na publicação. Requer esforço notadamente para principiantes, como eu.

É mais um aprendizado onde se pode sempre ser surpreendido com o inesperado das visualizações do post que acabou de publicar. Este, uma vez publicado, é como uma cria que se vai, caminhando por seus próprios pés e sem controle algum. Você pode no máximo, e apenas galhardamente, segui-lo e se divertir com os caminhos por ele percorridos…

Me vi também nesse período muitas vezes tentado a escrever sobre o Brasil e o buraco negro que conseguimos criar e nele se alojar, espalhando desesperança e descrédito em nossa capacidade de sobreviver e fazer um país melhor e menos indecente. Resisti.

Também me vi diversas vezes tentado a escrever sobre os homens e – como dizia o mano Caetanoseus podres poderes, espalhando o horror num planeta sem fronteiras chegando mesmo a duvidar que fazemos parte de uma “civilização”. Que civilização? Resisti.

Com o passar do tempo, descobri que havia dentro de mim algo intuitivo que me impedia de publicar no NuncaseSabe coisas sobre o lado negro da Força, seja ela no Brasil ou no resto do mundo. Aos poucos fui percebendo que esse espaço que criei é para o Sonho e não para o Horror. É para Alegria e não para a Tristeza. É para a Celebração e não para a Decepção. É para a Luz e não para a Escuridão.

nuncasesabeuniversoConfesso que fui resistindo sem saber. Agora resisto sabendo… É muito melhor. É um ato consciente da vontade e portanto de escolha. Escolhi o lado menos obscuro da Força. Nada contra quem pense e faça diferente.

Finalmente espero me adaptar melhor em 2017, à necessidade de mais postagens com talvez menos conteúdo, sem perder a qualidade do texto, das imagens, nem as pretensões do blog. A tentativa, então, será de buscar captar o espírito das coisas e das pessoas de forma mais leve, ligeira e com graça, trazendo ao leitor algo que ele ainda não saiba e que possa se divertir com as leituras, os textos, as entrevistas e as opiniões trazidas por este aprendiz de escriba.

Meu desejo é que seja interessante esse futuro do presente para todos nós. Então que venham 2017, 2018, 2019, …

Axé

Beto Benjamin

10 comentários em “Dois anos de estrada… O post da virada!

  1. As suas opções por temas mais leves e lúdicos, são fruto da sua maturidade e sabedoria, pois, desta forma você conspira e colabora muito mais para um mundo melhor e mais interessante. Ja somos bombardeado diariamente por notícias e constatações que nos envergonham como “humanos”. Parabéns pelo Blog e feliz 2017, de muita paz e amor!

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  2. Suas publicações são cada vez mais interessantes! Penso como nosso amigo aí de cima, com um mundo cheio de notícias ruins, ler textos bem elaborados e agradáveis nos trás a sensação de paz! Parabéns pelo excelente trabalho! Um forte abraço!

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  3. Maravilhoso o seu texto, leve e iluminado como vc querendo ou sem querer, quis… rsrsrsrs… so acho que aqui neste espaço especial, nao devemos nos condicionar com o fato que os social networks alimentem o “envelhecer” da noticia… acho que o seu blog està alem deste conceito, parabéns e vamos em frente com o NuncaSeSabe!

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  4. Excelente texto meu amigo Benjamin.
    Voce, como sempre, muito assertivo e coerente com seus temas, com seus pensamentos e com suas ações.
    Refletir sobre o bom, sobre o positivo, sobre o que podemos fazer de melhor sempre é muito agradável.
    Um abraço

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  5. Grande posteiro bloguista, saravá evoé ouais… Bem vindo ao time dos sofredores (não, não somos vascaínos). Os escrituradores do nada o saúdam, os big-bangueiros do imaginário o acolhem, os pseudo-realistas protoficcionais lhe lufam suas ventarolas. O texto é como as mulheres: não se domam nem se controlam, apenas se lhes conduz…. se lhes apraz (às vezes a duras penas, às vezes há penas, mas sempre um gozo). Daí ser com essa sempre alegria que recitamos aos berros as putrefações de um Augusto dos Anjos e relemos as melancolias proustianas e protegemos os assassinos raskolnikovianos como um filho (que mata mães). Haja sadomasoquismo biunívoco entre leitura e escrita! Sejamos códices e páginas digitais. Sejamos. Em texto-e-vida, como dizia nosso Morin, no ‘horror e no maravilhamento’, comportando em tudo o todo do momento, complexo, ágil, simples sendo. Que boas linhas o levem, BBB: Beto, o ‘Bom de Bic’. E o tragam de volta sempre até nós!

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  6. Grande Roberto! Que esse projeto cada vez mais se assemelhe a viver, e que continue se fazendo espontâneo e genuíno, como um verdadeiro projeto de arte: comunicando o que seu ser essencial deseja manifestar ao Mundo, trabalhando com as fontes de beleza e inspirando os leitores a enxergarem o milagre de Planeta que os rodeia. São paisagens, pessoas, histórias, artes que nos recordam de que sim, a vida é linda, independente de qualquer cenário. Se somos e estamos, já vale a pena. Isso é cura!
    Sucesso, e mais muitos anos de Nunca se Sabe!! Orgulho grande em ver esse projeto surgir da semente e estar onde está hoje.

    Grande abraço com gratidão,

    Peter

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  7. Parabéns pelo seu bem escrever. Você escreve bem para deleite e felicidade de seus leitores, como eu, que sou sua fã de carteirinha desde sempre. Que venha 2017 com a dose necessária de otimismo capaz de mudar realidades inimagináveis, como você consegue!

    Gratidão por ser meu amigo!!!

    Shirley Pinheiro

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