As viagens de teté! – final
Concluindo a trilogia sobre as viagens de Teté e lembrando que no último post ela tinha passado pela África, Oriente Médio e partia para a Ásia!. Vamos lá então…
Teté: A Ásia é outro mundo. Completamente diferente. Plural. Cada país tem sua cultura mas, pode ser vista através do budismo que em alguns países é um fator determinante para a formação de sua cultura e forma de ver a vida…
O Butão por exemplo. Penso que se não fosse pelo budismo, não teria se tornado o país que é. O Butão tem a Felicidade Interna Bruta (FIB). É “carbon neutral country“. Tem um projeto de sustentabilidade super arrojado. Claro, é um país pequeno com uma população também pequena mas, a forma de ver a vida não existiria sem o budismo. Não se trata apenas de acordar, meditar, acender um incenso… É o todo. Eles são coletivistas e não individualistas. A Natureza no Butão tem um papel importantíssimo.
Aí você vai ao Cambodja, país que sofreu um dos piores genocídios da humanidade e vê pessoas simples, compartilhando o pouco que tem. Então o budismo tem um papel importante em como ver e viver a vida. A Ásia me marcou muito: cresci e aprendi bastante.
Lá comecei a me conectar mais com a meditação. Já praticava Yoga mas lá, me aprofundei. Comecei a ir mais fundo em auto-conhecimento. O próprio estudo do budismo também. A Ásia mudou minha vida, posso dizer. Completamente. Acendeu coisas dentro de mim que jamais serão apagadas. Tem certos ensinamentos que você aprende e leva consigo o resto da vida. Assim, você dá um passo para a frente e não consegue mais retroceder.
A Ásia teve um papel transformador na minha vida…
Cenas das viagens
Beto Benjamin: Iluminação mesmo, Teté?
Teté: (Risos…) Não. Ainda não. Quem sabe em alguma próxima encarnação…
Beto Benjamin: Opa! Olha você transpira isso… Dá para sentir a vibração na sua narrativa. Suas palavras são acompanhadas por uma energia. Seu olhar mostra claramente as viagens realizadas. Eu por exemplo, me vejo sinto acompanhando suas viagens, inclusive e principalmente a interior. Por que não falar dessa maneira num mundo tão perdido?
Pelo visto, entramos num desvio monumental ao valorizar as coisas materiais em detrimento do crescimento e evolução como seres humanos. Estamos no meio de uma pandemia, completamente à deriva no mundo inteiro. Estou falando da Humanidade sim. Falando de nós. Apesar de toda a nossa ciência e tecnologia posta à prova, parece não estarmos conseguindo obter as respostas que precisamos. Continuamos tateando no escuro, sem saber para onde vamos… Então, acho sim muito próprio falar de transformação nessa conversa.
Teté: Aprendi duas grandes lições – que venho praticando também – mas, ali bateu firme: a primeira:
tudo que acontece comigo é responsabilidade minha. Mas, tudo mesmo! Absolutamente tudo!
A palavra é responsabilidade e não culpa. Pois a culpa está muito atrelada a religião. A segunda: me conectei muito na Ásia com a questão da impermanência. Buda dizia sobre a origem do sofrimento que as coisas passam, as situações passam, o tempo passa e não aceitamos essas mudanças. Querwmoa ficar lá. Presos naquilo. Isso gera sofrimento.
Esse entendimento profundo pode fazer uma grande diferença. Sabemos racionalmente – mas não emocionalmente ou inconscientemente – ser tudo transitório. Tudo é impermanente. Ficaram essas duas grandes sementinhas dentro de mim. Foram germinando nos seis meses passados na Ásia. Foram tantos os países budistas visitados…
Beto Benjamin: Grandes descobertas Teté! Parabéns! Isso é o cuidar de si. Até para cuidar do outro precisamos primeiro cuidar de si. Não é?
Teté: Sim. Também tem a auto-responsabilidade. Acontece comigo. De alguma forma, em algum nível eu criei essa situação. Não sei exatamente como mas, tenho a sensação que as sementinhas realmente foram germinando, nascendo um brotinho aqui e ali e fui regando… Ia saindo uma plantinha aqui e ali e, fui regando. Não foi um instante. Foi ao longo do tempo e com a graça de Deus. Esse processo já vinha acontecendo de 2014 para cá. São conceitos cuja renovação é fundamental fazer internamente todos os dias. Diariamente temos que relembrá-los.
Beto Benjamin: Como uma prática da vida, onde não existe certo nem errado mas apenas as escolhas que fazemos? Os bons encontros. A filosofia fala muito disso. Fazer na nossa vida bons encontros e remover dela aquilo que não está nos servindo mais ou já faz parte de um passado difícil de abandonar. Facilmente ficamos aprisionados àquela “bola de ferro”, como se tivéssemos a obrigação de arrastar aquele peso pelo resto da vida. Não temos!
Quando nos livramos de um peso, nos libertamos. Embora na maioria das vezes seja difícil ter consciência disso e mais ainda, ter a coragem para dar esse passo. Entretanto, somente quando o fazemos é que constatamos: se perdeu o que não se tinha. Não era mais nosso. Não nos pertencia mais e não sabíamos!
Teté: Sim. Concordo plenamente.
Beto Benjamin: Após essa viagem pela Asia o que você fez?
Teté: Fui trabalhar numa agência de viagens como consultora. Elaborando roteiros de viagens de luxo e operando na linha de frente com clientes. Montando roteiros, logística. Mudando roteiros, mudando logística. Trabalhando com operadores de viagens no mundo inteiro.
Beto Benjamin: As pessoas que lhe procuravam na agência de viagem buscavam que tipo de aventura? Estavam buscando fugir daqueles roteiros turísticos “feijão com arroz”?
Teté: Tinha de tudo. Para mim o exótico não é o Marrocos, nem o Egito. Vendia e ainda vendo sudeste asiático, Grécia, Turquia, Marrocos. Mas a maioria era para a Europa, Estados Unidos, América do Sul. Alguns clientes eram mais abertos a experiências diferenciadas. Outros queriam ver sítios arqueológicos, monumentos, comer, beber, comprar e roteiros de viagens de luxos. Então eram poucos os realmente aventureiros. Bom, ao menos já estavam no universo das viagens…
Cenas das viagens
Beto Benjamin: Vamos falar um pouco do Brasil? Lembro que foi numa dessas viagens que você sugeriu que nos conhecemos. Lembra? Foi em Bonito no Mato Grosso do Sul. Adorei o lugar e a hospedagem. Qual sua opinião sobre o Brasil comparado com o resto do mundo para viagens, para aventuras, para o desbravamento, para o desconhecido, para o exótico?
Teté: Conhecia muito pouco do Brasil até voltar a morar aqui em 2014. Quando morei em Florianópolis conheci um pouco do sul. Entre as idas e vindas de férias conheci um pouco do nordeste. Chegou a um ponto em que aquilo me incomodou muito. Por que conheço mais fora do Brasil do que dentro? Senti um desejo e uma urgência de conhecer e valorizar o que era nosso…
Acho até que muitos dos problemas que temos no Brasil é por desconhecer e não valorizar o nosso país, a nossa cultura e o nosso povo. Enfim tem muitas razões para explicar esse desconhecimento. Tem um pouco a questão de ter sido um país colonizado. Tem m também a questão do histórico de que tudo que é lá de fora é melhor do que o que temos aqui dentro. Produtos, idéias, mídias, conteúdos… Acho que já passou da hora de acabar esse preconceito, essa crença coletiva.
Por isso tive o desejo e a urgência de conhecer o Brasil. Me dediquei com afinco a essa tarefa nos últimos anos. Visitei a Amazônia, Pantanal, Bonito, Lençóis Maranhenses. Já conhecia a Chapada Diamantina e outras verdadeiras joias que o Brasil tem. Para mim
o Brasil é o país naturalmente mais lindo do mundo!
Dotado de uma riqueza cultural maravilhosa, plural. Que se compara com outros países sim. Com uma India, uma China, que são civilizações antiquíssimas. O próprio Irã. Porém penso que a beleza natural do Brasil é incomparável. Digo com orgulho que é o país naturalmente mais atraente que conheço.
Destaque para os Lençóis Maranhenses, um dos lugares mais encantadores que visitei. Incrível. Tá no topo de minha lista. Nosso povo. É um problema e ao mesmo tempo uma solução. Temos uma criatividade, um empreendendorismo, uma riqueza.Temos uma sabedoria também milenar devido à fusão de culturas que conseguimos reunir aqui.
Resumindo não é só beleza natural, quando junta nossa comida, com povo, com manifestação cultural, arte, dança, música, prosa, poesia, enfim tudo o que nos compõe com país. Não tem comparação. Para mim o Brasil está no topo. É difícil comparar. Acredito até que toda essa situação da pandemia é um grande convite para a gente tentar entender e valorizar mais o que é nosso.
Beto Benjamin: Comente sobre o que viu e sentiu na Amazônia?
Teté: Fui duas vezes à Amazônia. É muito especial mesmo. Uma vez fui ao Acre conhecer a tribo dos ashanincas que são descendentes dos incas. Vivem lá nas profundezas do Acre a alguns quilômetros da fronteira com o Peru. Fiquei hospedada com a tribo, dormindo em rede e tomando banho em rio. O banheiro era o mato. Essa vivência foi uma das experiências mais incríveis que já tive.
Olhar para o céu estrelado e ver aquela Via Láctea; ver a forma dos ashanincas viverem em comunidade; sua arte nas vestimentas e nos objetos, nas miçangas; o viver em comunidade; a natureza exuberante;
O pensar sempre no todo e não apenas no indivíduo!
Ano passado fui a Manaus e ao Parque Nacional de Anavilhanas. Já era o Rio Negro. O Rio Amazonas tem mosquito. O Negro não tem devido ao pH da água. Mesmo ficando num hotel bacana eu pude ver os botos que não tinha visto em outra ocasião. Ver o nascer do sol numa canoa no meio do Rio Negro. Nadar naquela vastidão. Nossa. Inesquecível…
Tem alguns “micos” também. A gente pensa que vai ver um monte de bichos.Você não os vê. Eles ficam escondidos.Tem as comunidades ribeirinhas. Muito interessante conhecer como eles vivem, os cultivos, como tudo chega lá. Pegar uma chuva torrencial no meio do Rio Negro. Surpreendente!
A Amazonia é um tesouro do nosso país! Espetacular!
É um lugar muito especial. Mas, muito mesmo.
Beto Benjamin: O que te atraiu tanto nos Lençóis Maranhenses?
Teté: A geografia única. O lugar é imenso. Do tamanho do estado de São Paulo. Isso só o Parque Nacional, com dunas a perder de vista. A cor da areia é muito clara, fina, não fica quente. Pode andar descalço que não queima o pé. Tem as lagoas de água cristalina entre uma duna e outra. Que paisagem!
Já visitei alguns desertos que não tem essas lagoas no meio. A vastidão, a beleza, o contraste das dunas brancas com água cristalina azul-turquesa, ou meia esmeralda, azul-cobalto. Pode tomar banho pois a água é limpa. Pode andar naquela imensidão o tempo inteiro e não tem noção da dimensão.
Somente quando você sobrevoa dá para ter idéia de tamanho. Tudo isso constitui uma geografia única que para mim é o destaque. Não vi nada parecido nas minhas viagens pelo mundo.
Sempre falo que todo ser humano deveria um dia visitar um deserto porque é uma experiência que nos torna mais humildes!
Ali dá para sentir verdadeiramente a grandeza e a potência da Natureza. A gente se sente um grãozinho de areia no meio daquilo. Um nada. Então diante daquela imponência da Natureza se tem a exata dimensão de nossa pequenez como seres humanos.
Beto Benjamin: Você conheceu o deserto do Atacama no Chile?
Teté: Sim. Visitei. É um deserto muito seco. Isso me incomodou um pouco. Tinha que me cuidar bastante com a hidratação interna e externa. Nariz, lábio e pele sofrem muito lá. Tudo resseca. Portanto é uma região que exige muito auto-cuidado mas é muito interessante.Tem uma expressão em inglês que para mim traduz bem o Atacama: “otherworldly“. Outro mundo. Realmente é… Parece que não está neste mundo!
Beto Benjamin: Voltando ao Brasil, o que você achou da Chapada Diamantina?
Teté: Amei subir aquelas montanhas, as trilhas, o Morro do Pai Inácio. A Natureza “raw”. Crua mesmo. Selvagem. Você vai subindo e pensa que não aguenta mais. Aí você sente que tem mais energia ainda e sobe e chega num lugar. Encontra uma cachoeira, uma piscina natural. Lá parece que todo o esforço é bem recompensado.
Beto Benjamin: Você é praieira? Quais você mais admira no Brasil?
Teté: Para mim não tem nada igual ao sul da Bahia. Não necessariamente pela cor da água, aquela coisa idílica pois Fernando de Noronha tem esse lugar. Até porque lá em Noronha você está nadando e de repente do nada surge uma tartaruga, um golfinho ou mesmo um tubarãozinho do seu lado… Não tem igual a Noronha…
Contudo tem a cultura do sul baiano. Sei que estou sendo totalmente “biased”. Mas é isso mesmo.
Não tem nada igual a energia que emana lá na Bahia!
Entra o pacote da baianidade, da comida, frutas. A praia está contida nesse pacote. Não é a praia de cartão postal propriamente. Até tem alguns lugares que poderia ser. Mas, não é só por isso que falo de sul da Bahia. É pelo pacote completo que inclui o povo e seu inseparável cordão umbilical com a África. Tudo junto e misturado… (risos).
Beto Benjamin: E as festas populares? Como o Carnaval. Você viu algo parecido no mundo?
Teté: Igual a Carnaval não. Mas já tive em lugares que tinham pequenas manifestações culturais. Festas para cultuar algum deus, algum santo. No Irã, era aniversário de um poeta. Tinha bastante iraniano no mausoléu. Na India, tinha um dia dedicado a um deus hindu em Pushkar. Vi muitas pessoas andando. No Nepal, estava num vilarejo fazendo uma trilha e tinha uma manifestação cultural que não vou lembrar o que celebravam mas, era uma vilarejo com uma procissãozinha.
Nada que pudesse se comparar com nosso Carnaval.
Cenas das viagens
Beto Benjamin: Qual o nome de seu blog atualmente?
Teté: Então, o blog está em manutenção. Deve voltar em breve com o título Escapismo. Na verdade ele sempre será Escapismo Genuíno mas, como é um nome longo, sempre me refiro a ele falando a primeira palavra. Preferi manter o Escapismo mesmo.
Beto Benjamin: Teté, na qualidade de colega blogueiro posso lhe afirmar que é um nome bacana. Tem um belo significado e ainda permite que cada um dê a interpretação que desejar…
Teté: Obrigada. O conteúdo será mantido só que reformulado. Terá matéria falando de viagens sejam roteiros num país ou o que fazer numa cidade. Dentro de Viagens terá um guia de cidades. Uma cidade como Nova Iorque, Paris ou Beirute, terá uma matéria sobre o que fazer lá, principais pontos. Acrescento sempre coisinhas fora do óbvio. Até porque o óbvio todo mundo conhece.
Em cidades grandes expando um pouco mais pois são lugares que justificam indicar as livrarias e os cafés que adoro. Na parte de cultura indico livros, filmes, documentários, conteúdos sobre algum país que gosto de consultar antes de viajar. Tento sempre antes de ir para um país ler um livro, ver um documentário ou filme.
Tem uma parte que fala de hotelaria pois existem alguns hotéis bem interessantes que oferecem experiências diferenciadas, únicas. Gosto de citar por se tratar de hotéis de luxo que dá acesso a experiências que dificilmente você faria sozinho. Tem também uma sessão de devaneios, que são os escapismos internos. São os meus textos, sobre minhas inquietações e provocações…
Beto Benjamin: Hum, isso me interessa. Que coisas você gosta de devanear mais?
Teté: Devaneios tipo “por que viajar”, como desmitifiquei a fé, de onde vem a necessidade humana de explorar, conhecer, coisas dessa natureza. O que aprendi num diálogo com um taxista em Maputo que me provocou reflexões que não vou esquecer jamais. Coisas do gênero…
Questões humanas, que não tem começo nem fim…
Falo de amor, fé, dinheiro, propósito, espiritualidade, religião. Questões que não tem ponto final. Tem o que o sinto, o que aprendi, o que mudou, o que ficou como está. Enfim, uma jornada de vida inteira…
Beto Benjamin: Que conselhos você daria para quem queira se aventurar pelo mundo, como você fez?
Teté: Primeiro, lembrar que o mundo é mundo mais “bom” do que “ruim”. No sentido do bem. Venho constatando sempre isso. Também lembro que era muito mais destemida. Talvez com a idade se começa a criar alguns receios. Quer dizer, digo isso porém o ano passado fui ao Paquistão… (risos). Senti mais aindaaas consequências do que falei.
O medo nos protege de muitas coisas! Também não é para convidá-lo para tomar um cafézinho e deixar que ele se estabeleça. Toma o café e tchau… Vá embora!
O medo é um sentimento legítimo que não merece ser estrangulado!
Tem muito mais coisas boas acontecendo no mundo do que ruins. Acho isso. Então é um motor, um combustível que junto com a curiosidade nos conduz a experiências inesperadas que podemos aproveitar mais. Sempre digo que muita coisa boa acontece quando ficamos fora da zona de conforto. Tudo bem que não precisa dormir numa oca com baratas no teto, como fiz na África. Argh!
Mas, se abrir um pouco, sair daquela rotina, daquele roteiro preparado que se sabe o que fazer em cada momento.
Deixar espaço para o não saber.
Permitir encontrar algo novo enquanto buscava outra coisa. Não ter tudo dentro da caixinha, tudo ajeitado, tudo arrumado. Fazer isso com disposição, permissão interna para ficar fora da zona de conforto. Acrescente a isso, acreditar que o mundo é “mais bom” do que “ruim”…
Essas três coisas viram verdadeiras molas propulsoras. Assim você estará sempre aberto para conversar com as pessoas. Qualquer pessoa. Criar elos que podem ser de cinco minutos, trinta minutos. Não importa o tempo. Aí vai descobrir que somos mais parecidos uns com os outros do que pensamos. Vai reconhecer a nossa humanidade. Vai se reconhecer…
Claro que se come diferente, se fala diferente mas, no fundo todos querem ser amados, ser felizes.
Essas similaridades se tornam muito mais evidentes. Tem um peso muito maior. Essa abertura para conhecer o outro também lhe permite ampliar a sua compreensão.
Cito um exemplo: estava num aeroporto nos Estados Unidos e uma conhecida me falou que tinha um certo desconforto com pessoas árabes. Isso foi pós 11 de Setembro. Me lembro que pensei, senti e falei: “Tenho amigos árabes que não tem nada a ver com essa imagem que você está fazendo”. Esse preconceito não os representa de modo algum. Não pode ser generalizada.
Tinha mesmo um amigo sírio, que fez o programa da ONG ao qual me referi em post anterior e sei que tem pessoas como ele, dessa religião, dessa cultura, desse país que são pessoas maravilhosas. Então aquela idéia generalizada e pré-concebida desaparece, se desintegra para mim. Sei que a gente acaba julgando mas se verdadeiramente nos dispusermos a conhecer o outro, isso pode nos aproximar e dissolver os preconceitos. Acho que estamos precisando desse tipo de atitude. De um modo geral!
Beto Benjamin: E a pandemia? Como tem sido para você?
Teté: Tem sido uma grande faxina mental, física. Uma oportunidade de limpeza – de dentro para fora e de fora para dentro – de pensamentos, de memórias. Fisicamente também. Se livrar de coisas que não uso mais. Uma oportunidade para avaliação daquilo que dou conta e do que não dou. O que não gostaria de abrir mão. O que gostaria de me livrar. Um convite também para dar uma desacelerada na vida.
Claro que estamos todos contaminados com o “inseto” da produtividade.
Isso é uma construção de séculos que carregamos nas costas, principalmente no Ocidente e que vamos precisar despedir de uma certa forma. Por exemplo eu paro e me pergunto: “Bom, já fiz ginástica, yoga, já meditei, já trabalhei. Mas, eu tenho que ler um livro, um artigo saber o que está acontecendo no mundo. Agora o que eu tenho mais que fazer?”.
Então sinto que desacelerar sem culpa é um grande exercício. Mas isso se aplica a nós, privilegiados que temos segurança, barriga cheia, e necessidades primárias atendidas. Um privilégio. Além das faxinas internas e externas ainda temos que considerar a conexão entre todos.
Porque essa pandemia afetou todos os seres humanos no planeta. Todos sem exceção. Então por mais clichê que seja aquela frase “somos todos um”, “estamos todos juntos”.
Eu sou você e você faz parte de mim. A sua dor também é minha dor. Não existe um ser humano que não tenha sido afetado. Então a conexão é um grande aprendizado!
Maravilhoso. Senti muito a forte inveja saudável do entrevistador em relação à entrevistada. Não o culpo e afirmo que compartilho plenamente desse sentimento. Já realizamos muito do que nos orgulhar, mas a experiência vivida pela Teté, nos parece muito superior em aquisições insubstituíveis.
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A viagem pelo mundo é a nossa viagem interior! Adorei a entrevista, acho que quem entrou fundo na leitura se sentiu parte dessa aventura… parabens a Tete e a Beto!
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