Depoimentos de alunos… (1)
Apresento a seguir os primeiros depoimentos dos alunos do Jean-Marie Dubrul: Ernani Torres, Ana Marta Veloso e Carla Do Eirado. Para não cansar o leitor, as impressões foram divididas em séries com 3 depoimentos por post. Outras opiniões virão posteriormente:
Ernani Torres
Ernani: Eu vim para cá porque tive uma crise de sacro-ilíaco. Fui tratar com RPG que deu uma boa segurada mas percebi que tendo em vista o “avanço etário” eu precisava de algo mais preventivo, e aí a Ana e você já estavam vindo aqui para o Alongamento, falei com minha professora de RPG que disse: “Olha, nós de RPG somos muito bons em alongamento mas, os bailarinos são os melhores… Risos…” Aí eu vim e em 15 dias melhorei muito.
Acho que se não tivesse tido uma entrada tão objetiva assim, eu não teria vindo. Já estou fazendo o trabalho há 3 anos e vejo hoje como uma coisa de prevenção e também de relaxamento. Dar uma relaxada de manhã é bom, não é ruim não… já está incorporado na minha rotina de vida e quando não faço, não é o fim do mundo: Não é uma coisa vital para mim, mas é uma coisa legal. Venho porque é legal, dá prá dar uma desacelerada boa.

Ana Marta
Ana Marta Veloso: É um momento de dar uma “paradinha” no corre-corre do dia a dia. Respirar profundamente e entrar em contato com coisas que a gente não tem oportunidade na vida normal. Para mim, é um resgate muito legal de coisas que fiz a vida inteira: fiz ballet dos 5 anos de idade até uns 20 e tantos… Não imaginei que fosse conseguir fazer de novo. Descobri aqui que é possível. É possível. Tem que, obviamente, se dedicar. Vir com frequência mas, depois se observa que seu corpo começa a relembrar os movimentos.
Há momentos inclusive de muito prazer. É uma hora do dia para fazer uma atividade extremamente prazeirosa e não só individual. Também, o contato com o pessoal daqui é muito divertido. Esse lado lúdico, a gente não tem no dia a dia. Até resgata uma coisa meio criança, assim, numa boa, de se divertir fazendo algo com o corpo…
É um trabalho diferente pela heterogeneidade das pessoas e também ver como o nosso mestre consegue trabalhar todo mundo, fazendo com que cada um dê o melhor de si. Aqui o público é muito diferente, em termos de idade e até de objetivos. Veja: a conversa do Ernani não tem a nada a ver com o que aconteceu comigo. São enfoques muito diferentes, mas muito parecidos até no sentido de se buscar um trabalho que faça bem ao corpo e à mente, além do prazer. Entretanto, é o talento do mestre que faz a diferença.

Carla Do Eirado
Carla Do Eirado: Esse espaço é uma espécie de refúgio da avalanche que é o meu dia-a-dia. Um momento que tenho para dedicar a mim mesma. Minha trajetória na dança foi complicada e sempre me senti deslocada. Achava que meu corpo não era bom para dançar. Ele é bem abrasileirado. Já passei por outras academias e vejo como é importante ter o apoio não só de um bom professor – tecnicamente falando – mas, de alguém que seja observador, cuidadoso e amoroso como o Jean. Também acho ótimo fazer parte de uma turma que esteja buscando algo mais que uma simples aula de alongamento ou de ballet.
Aqui é um lugar onde sinto a unidade do meu ser. Sempre tive a sensação de trabalhar demasiado com a cabeça, de estudar muito, fazer trabalho intelectual. Por isso tive a necessidade de ultrapassar essa limitação, conciliando e fazendo o casamento entre o que penso e o que faço corporalmente. Isso tem tudo a ver com o que acontece aqui. Para mim cada dia é um recomeço e prometo a mim mesma estar aqui. Não é fácil. É uma escolha.
Além de vivermos fragmentados de um modo geral, temos também que suportar e aceitar as frustrações decorrentes dos limites do corpo. Achar que só porque pensou, vai executar? Não é assim que acontece. Quando se faz dança ou qualquer outro movimento corporal – especialmente o ballet – se lida com outra realidade. Não é “tão cabeça” e o corpo não é tão fluido. É preciso preparar e trabalhar o corpo. Aqui se aprende a retomar o corpo que se é.
Faz todo o sentido quando o Jean fala: “observar, decodificar e reproduzir”. Observar o movimento não é suficiente para realizá-lo. É preciso descobrir os caminhos que o corpo pode fazer para realizá-lo. Isso representa um desafio enorme e certamente se transforma numa prática de vida. Aqui também é um lugar espiritual. Muitas vezes procuro sentir o movimento e o que ele poder trazer de positivo para mim e para o mundo. Como isso me faz tão bem, me pergunto sempre de que maneira poderia compartilhar com os outros os benefícios que me traz?
Estou aberta para a vida e busco levar adiante o estado de espírito que consigo obter aqui. As palavras não esgotam o sentido dos acontecimentos. Cada aula de alongamento com o Jean é indescritível porque nos conduz a outras dimensões: do sensível, do afeto, do toque, do estar com o outro, do encontro. Tenho vivenciado aqui coisas preciosas. Devo dizer que é raro hoje em dia um espaço onde as Pessoas se dispõem e tornam possível essa convivência. Diferente de outras Academias de Ballet: não há competição, não tem um querendo suplantar o outro. Vejo todos empenhados na busca de si mesmo e dos outros. O objetivo é se desafiar, se superar, estar junto, sorrir e olhar.
Ele às vezes diz: “Olha! Olha! Faz o movimento. Olha o espaço. Se posiciona. Olha quem está à sua volta.” São ensinamentos para prestar atenção ao espaço e à vida. Olhar quem está à volta e ver o que está acontecendo. Vivemos dentro de um corpo mas a nossa pele não nos separa do mundo. Ela tem poros e o ar do mundo está sempre respirando dentro de nós. Somos seres de relação e de comunicação. Para mim a dança é uma prática: praticar o coletivo. Sem os outros somos nada.
Lindos os depoimentos, Roberto. Cada um falando de sua experiência, e do que os faz permanecer a cada dia. E o pate-papo com o Jean, muito alegre! Que alegria ver sua dedicação à esses temas, de certa forma, já é o seu depoimento de como essa experiência é relevante pra você. Beijo grande, Carla.
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Carla querida. Obrigado por tudo.
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Uma grande agora se forma sob a batuta de Roberto “Landmark” Benjamin !
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Grande Digo. Fico feliz que as palavras – sempre elas – podem ser capazes de motivar e mobilizar as Pessoas. Vamos em frente e ver aonde chegamos!
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Ser aluna de um professor tao integro no que faz e ama, ajuda a florescer em nos a mesma capacidade de integracao deste mundo lindo dele. O PROFESSOR, O AMIGO, O SER APAIXONADO PELOS SERES AOS QUAIS ELE CONHECE NA SENSIBILIDADE. JEAN, este homem especial, me deu um viver diferente, um amor proprio do qual eu perdi por anos de minha vida. Sem ter conhecido este lado especial do ballet de Jean Marie, nao poderia crescer dentro e fora de mim. Todas as vezes que fiz aula com ele, me emocionava com alguns movimentos, com sua maneira de tratar cada aluno. Um ser destes que transforma a vida de cada um, ao seu olhar. Nao vivo mais no RJ e uma das coisas que mais sinto falta na vida, sao suas aulas, o contato com Jean e o grupo Sauer. Todos maravilhosos.
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