Deram um Fuzil ao Menino! Firmino Rocha – Poeta Baiano!
Eu era menino ainda quando o via passar, de terno escuro amarrotado, caminhando à toa pelas ruas da cidade do interior onde vivi: Itabuna – Bahia. Carregava sempre uma flor – na mão ou na lapela – e cumprimentava cada mulher que cruzava bradando um inconfundível “Mãe! Mãe! Mãe!”. Recitava poemas e oferecia a flor… Não assustava ninguém, apesar do inusitado da cena nas ruas de uma cidade do interior. Para as mulheres que passavam, deveria ser algo surpreendente. Para nós meninos, era apenas mais um louco na cidade.
Quando cresci e comecei a entender melhor as coisas, descobri que não era louco. Era poeta: Firmino Rocha. Seu poema abaixo, não esqueci nunca mais. Carrego-o comigo até hoje mais no coração do que na cabeça e, ainda me emociono ao lembrar de Firmino declamando-o com sua voz rouca, levando poesia pelas ruas da cidade, silenciando todos os outros barulhos.
Esse poema está inscrito numa placa de bronze exposta na sede da ONU em Nova Iorque e representa um protesto contra a guerra! Todas elas! Viva Firmino!
Beto Benjamin
Deram um Fuzil ao Menino
Firmino Rocha
Adeus luares de Maio.
Adeus tranças de Maria.
Nunca mais a inocência,
nunca mais a alegria,
nunca mais a grande música
no coração do menino.
Agora é o tambor da morte
rufando nos campos negros.
Agora são os pés violentos
ferindo a terra bendita.
A cantiga, onde ficou a cantiga?
No caderno de números,
o verso ficou sozinho.
Adeus ribeirinhos dourados.
Adeus estrelas tangíveis.
Adeus tudo que é de Deus.
DERAM UM FUZIL AO MENINO
Eu musiquei esse poema em 2009, quando morava em Ilheus.
Cheguei cantar numa radio de Itabuna, no programa comandado por um grande amigo de Firmino Rocha, o nosso querido, Ramiro Aquino.
Ele ficou encantado c a música feira no poema do grande poeta Itabunense. Eu queria grava-la em cd, mas engavetado o projeto. Hoje, mais de 9 anos depois, a melodia me veio à mente. Corri na internet, revi.o poema e cantei novamente, a música que estava adormecida em mim, a minha espera, co a me cobrar esse contato entre musica, violão, voz, poesia e Firmino Rocha.
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A vida é assim Carlos! Fez muito bem. Firmino e os grapiúnas merecem! Grande abraço.
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Obrigado Beto.
Tenho muito carinho pelos grapiunas.
Esse poema que jnspirou a minha cancao, é muito narcante em minha vida.
Se quiseres, poderás assistir ao nosso vídeo no youtube.
Gratidao.
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Grande Firmino Rocha e grande lembrança de Roberto Benjamin. Saudades de Itabuna!!
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Hoje, 22jul19
Pela primeira vez ouco6 falar neste poeta. Crescí em Itabuna. Estudei em escolas públicas tradicionais e constato a falha em não valorizar os nomes de nossa terra.
Cobrado em vestibulares nomes de escritores/poetas brasileiros. São importantes sim. Porém, cadê a valorização “dos nossos?”.
Lindo poema
Um infante nunca morre. Carrega consigo um menino e um ideal.
Selvaaaaa!!
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Waggao, essa falha é notoria e contemplamos com muita tristeza, a falta de preparo dos “Tecnicos pedagógicos”
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Conheci Firmino. Poeta nas palavras, poeta no olhar, poeta nos gestos, poeta nas rosas ofertadas.
Deixou um belo e inesquecível recado para o mundo.
“ Adeus tudo que é de Deus
Deram um fuzil ao menino”.
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Que belo registro para o povo grapiuna e para nós do outro lado de Ilhéus!
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