Boipeba – Um paraíso perdido e esquecido na Bahia! Graças a Deus!

Na língua tupi Boipeba significa “cobra-chata”, denominação indígena para a tartaruga marinha da região! Confesso que não vi nenhuma – tartaruga ou cobra-chata – mas, sei que vivem e passeiam por ali. Afinal, é a praia delas e os invasores somos nós!

Tirando isso, quando se fala em viajar para a ilha de Boipeba, lembro-me logo do ditado baiano: “Só vai lá quem tem negócio!” Expressão que significa é um pqp para chegar. Não é para você desistir do passeio porém, a expressão de fato representa a realidade para os viajantes – amadores ou profissionais – curiosos, aventureiros ou simples buscadores de novidades (des)conhecidas!…

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Localização

Dependendo de onde você vem a viagem pode levar algum tempo. Vejamos: nem fica tão longe de Salvador. No entanto, a travessia da capital baiana até Bom Despacho, na ilha de Itaparica  é um verdadeiro “perrengue” por causa de um ferry-boat obsoleto. Ninguém merece  isso mas, a travessia de navio economiza mais de 100 km para quem sai da capital pois não precisa dar a volta no Recôncavo Baiano! Também outro lugar bom para se perder! Mas isso daria outro post!

Com sorte, a travessia via ferry pode levar uma hora. A nossa levou uma hora e vinte minutos. Daí, de carro mais uma hora e meia para chegar a Valença. Deixa-se o carro num dos “estacionamentos improvisados” e apanha-se a “lancha rápida” para Boipeba. Pronto, ainda não chegou mas está quase lá. A viagem marítima – agradabilíssima por sinal – nos rios que parecem um mar sem fim, leva cerca de uma hora.

Ainda bem, pois essa compreensível “dificuldade” para chegar, parece que foi obra dos Avatares e Orixás de Boipeba. Eles se juntaram e teceram, com o tempo, uma invisível teia de proteção em torno da ilha, para aranha nenhuma botar defeito. Com cobras-chata ou não!

Evidentemente estou me referindo à sua natureza exuberante, abundante, belíssima, escancaradamente selvagem. De emocionar. Não estou exagerando não! Lá, conheci gente que foi passar um fim de semana e não saiu mais… A bela ilha não só atrai. Encanta e enfeitiça… Quer mais?

É mesmo. Boipeba não está para brincadeira. Se resolver se aventurar, aconselho deixar seus demônios – conhecidos ou não – lá fora, no continente, do outro lado da ilha. Por dois motivos: não vai precisar deles e pode resgatá-los no regresso. Se voltar!… É um aviso aos navegantes!

Nesse lugar, deveras fascinante é impossível passar incólume! Melhor então mergulhar logo no “clima”, se atirar de verdade no mar que lhe banha um dos flancos e percorrer – como se um desbravador lusitano ou holandês fora – os rios e estuários que abundam em torno da ilha. Certamente foi isso que os conquistadores fizeram. E pelo que vimos e ouvimos, não se arrependeram!.

Portanto já que está saindo da “civilização”, aproveite e se “lambuze” nesse paraíso. Tome banhos de natureza, se embrenhe pela mata, caminhe de pés descalços pelas areias brancas das incontáveis praias, curta a escuridão do céu de estrelas numa noite de lua cheia, se ilumine de luzes, cheiros e cores. Volte o mesmo, mas volte outro!

Coma e beba bastante. Frutos do mar não faltam. Muitos deles… e bem frescos. Não fique aflito com tanta beleza, nem com olhar de “gente besta”. Ninguém fica e, não se morre por isso. Pelo menos ali em Boipeba.

Como diria meu amigo Paulo Peixinho, dono da Pousada Rhydayam: “Curta a viagem, que a viagem é curta!” Afinal é apenas uma “viagem”! Não precisa de nada mais…  Só sua presença. O resto acontece… Celular?  Facebook?

Esquece!

Ora, chega de “lero-lero”. Boipeba dispensa muita conversa e meu amigo Guido Magalhães Júnior – advogado ilustre em Valença – já me deu todas as dicas. No seu caso, se ainda não foi, basta apreciar as fotos e verá que as palavras são desnecessárias para descrever o cenário com tanta beleza e exuberância.

Relaxe e – tal qual um pau-brasil recém-descoberto – se aventure nesse paraíso e se dissolva nessa natureza. Pegue leve e se quiser, vire árvore na floresta, cobra-chata no mar, lagarto, golfinho nadando na baía, macaco-prego, teiú, carangueijo de mangue, peixe-espada, beija-flor, curva de rio, por-do-sol, estrela no céu, acidente de percurso, estátua, qualquer coisa. Vire até paisagem! Depois, conte para seus amigos, como foi… Eles vão adorar!

Um programa imperdível é ir comer a lagosta do Guido na praia de Cueiras bem perto da Pousada Mangabeiras. O Guido, o de Boipeba não o de Valença – e suas histórias – é um personagem engraçado, indescritível e imperdível. Cuidado com a cachaça que ele oferece. Não é para amadores. Derruba rapidinho… O festival de lagostas que ele prepara, inesquecível!

Outro passeio obrigatório é pegar uma lancha e dar uma volta na ilha. Recomendo a lancha do Expedito (http://www.costadodende.com.br). Grande Expedito! Um daqueles “marinheiro-empresário”, boa-praça, nativo, tem uma simpatia que lhe conquista logo. Além de ser um cuidadoso marinheiro e comprometido com o meio ambiente, conhece tudo e toda a história de Boipeba. Sua lancha é de primeira e a viagem deliciosa. Vai-se parando nos lugares mais interessantes. Expedito sabe muito bem quais:

  • Caminhar pela Praia do Moreré -uma das mais extensas da ilha – com suas areias brancas. Dar um mergulho em suas piscinas naturais (não esquecer o equipamento de snorkel) e depois comer uma bela moqueca – seja lá do que for – na Barraca existente na praia.
  • Também para caminhar, outra praia deliciosa e vizinha a Moreré é Bainema.
  • Em seguida vem a Praia e a Ponta dos Castelhanos na foz do Rio Cajú com suas piscinas naturais e com menos afluência que Moreré pois a turma que vem de Morro de São Paulo – ilha vizinha e mais famosa – baixa lá o tempo todo. Em Castellanos você pode tomar umas caipiroscas de cacau e outras frutas menos conhecidas.
  • Depois vem mais caminhadas e banhos de mar – imperdíveis na maré baixa – nas duas coroas: Coroa Grande e Coroa Pequena. A lancha fica ancorada e você pode desfrutar durante horas os bancos de areia que a natureza foi criando ao longo do tempo.
  • Um pouco mais adiante, na foz do Rio dos Patos, ficam alguns quiosques onde são preparadas pelos nativos umas caipiroscas maravilhosas.
  • Outro passeio de lancha, você ainda pode saborear as famosas ostras e lambretas do barco de cimento – construído por um italiano e de propriedade de “seu” Gilmar – que fica ancorado numa parte do rio em que as três ilhas Boipeba, Tinharé e Cairu se “encontram”, defronte a ponta dos Tapuias.

Em Boipeba existem pousadas para todos os bolsos. Já fiquei em algumas mas, dessa vez ficamos nas Mangabeiras (http://www.pousadamangabeiras.com.br). Se situa no alto e fica um pouco distante da vila  – 20 minutos andando – mas tem todo o conforto. Bem projetada e cuidada, é arejada, agradável e com uma excelente piscina. As paisagens da ilha descortinadas do alto da pousada são de tirar o fôlego!

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Pousada das Mangabeiras

Não deixe também de subir até o mirante do Quebra-Cu! É isso mesmo, Quebra-Cu. Não precisa ficar nervoso nem se preocupar com a sonoridade do nome. Basta subir o morro. De lá, você terá verdadeiras visões desse Paraíso. Experimente!

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Vista do Mirante Quebra-Cu

Fotos de Joana Benjamin, Beto Benjamin, do site Viagens Cinematográficas e do site da Pousada Mangabeiras

9 comentários em “Boipeba – Um paraíso perdido e esquecido na Bahia! Graças a Deus!

  1. Minha ida À Boipeba seu deu por dunas e tratores. Duas horas de mata, duna e praia por Morro de São Paulo até chegar à divisa – o Rio da Morte, que se cruza de balsa na maré vazante. Lá do outro lado tem um filé de cação na manteiga que é de arromba. Recomendo porque só recomendo o que sei e conheço. Já quem recomenda o .”Quebra cu” é o queridíssimo autor do blog; afinal e entretanto, como empiricamente filosofa: “Nunca se Sabe”.

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  2. Estou vendo que o Poeta não entende apenas de Poesia. Entende também de cação. Sem querer caçoar do comentário nem maltratar o trocadilho, cada um come o cação que merece…
    Quanto ao mirante, se fosse na Europa o nome poderia ser Quebra-Nozes, como é por aqui até que Quebra-Cu não ficou assim tão pesado. É só olhar do alto e ver a vista…

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  3. Talvez seja interessante investigar por que, no nome em discussão, colocaram um belo acento agudo. Acentos à parte. Se alguém quiser chegar a Boipeba mais tranquilamente procure Charles na Pousada Santa Clara. A nossa ida em 2014 foi muito agradável.

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    • Investigação concluída. Foi por excesso de acentos mesmo… Nosso consultor para assuntos literários dessa ordem nos informou que nem o da mãe Joana, nem o de ferro tem. Portanto os acentos – que lá abundam – já foram removidos e a simplicidade e sonoridade devidamente restabelecidas graças à sua apropriada e lúdica observação… Como diriam o Poeta Érico e o bloco de Carnaval baiano das antigas: haja c…
      A recomendação do Charles é endossada pois é uma figura muito conhecida e badalada na ilha! O restaurante idem!
      Obrigado!

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  4. A terra “cobra-chata” me pareceu deveras convidativa pra quem tem sensibilidade pelas forças da natureza. As dificuldades para alcançar esse paraíso me pareceram como um bom filtro natural do lugar: apenas os bens aventurados chegam por lá!
    O melhor disso tudo é ter a descrição tão afetiva e real das vivências no local, de modo a alimentar o leitor com uma sensação de Déjà vu: sinto que já vi e vivi Boipeba, a partir dos olhos do poeta Benjamin.
    Belíssimo relato, que altera a agenda de viagens dos seus leitores: agora me sinto fortemente inclinado a conhecer essa terra.

    Parabéns pelo texto! Um forte abraço!!

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  5. Que texto divertido, incluindo os comentários. Adorei suas expressões e vou roubar a “deveras” para o meu texto no futuro. Estou indo pela segunda vez em 5 meses.

    Obrigada pela viagem!

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  6. Visitei Boipeba pela primeira vez no carnaval 2019.Fiquei deveras impressionada com a simplicidade dos nativos e comerciantes. Observei que entre eles não há pessoas obesas.Minha família alugou 2 casas na rua da matança e ficamos durante 5 dias.Andar e tomar banho no mar foi o que mais fizemos.
    Duas atividades que gosto muitíssimo.Recomendo Boipeba para quem gosta de caminhar,conhecer belissimas praias.As crianças a noite brincam de pega pega,esconde esconde e não ficam presas a um celular deitados em um sofá.

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